Carta Mensal aos Clientes - Perspectivas 2025

“A dificuldade não está em desenvolver novas ideias, mas em escapar das antigas.”

John Maynard Keynes

Cenário Local

A economia brasileira em 2025 enfrenta um momento de ajustes e desafios. Após um período de crescimento acima da média, impulsionado por políticas fiscais expansionistas, o país entra em uma fase de desaceleração econômica marcada por um aperto monetário e fiscal. Essa transição tem como objetivo restabelecer o equilíbrio macroeconômico, com destaque para a redução da inflação, que deve permanecer acima da meta em parte do ano.  

 O Banco Central adotou uma postura mais agressiva em relação à taxa Selic, que se manteve elevada para conter as expectativas inflacionárias. Projeta-se um leve afrouxamento monetário a partir do segundo semestre, dependendo do sucesso em controlar os índices de preços. Entretanto, essa política tem impactado diretamente os setores de consumo e investimentos, criando um ambiente desafiador para as empresas locais. O crescimento do PIB, após superar 3% em anos anteriores, deve desacelerar para cerca de 2%, refletindo tanto as restrições fiscais quanto o impacto do aumento de juros sobre a atividade econômica.  

No campo fiscal, o governo enfrenta a necessidade de ajustar as contas públicas. A relação dívida/PIB permanece elevada, exigindo reformas estruturais para conter o crescimento das despesas obrigatórias. O avanço da reforma tributária, incluindo a implementação do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), promete trazer maior previsibilidade e eficiência ao sistema, mas também pode gerar resistências de setores específicos, como o agronegócio. 

Outro ponto de destaque é a volatilidade do mercado cambial. Embora o real possa se beneficiar de fluxos externos, particularmente em razão de taxas de juros atrativas para investidores estrangeiros, o cenário global de desaceleração econômica e menor apetite por risco pode limitar ganhos. Dessa forma, espera-se que a moeda opere com flutuações significativas ao longo do ano.  

Além disso, as projeções da XP apontam um crescimento do PIB de aproximadamente 2% em 2025, reforçando o cenário de moderação econômica. As expectativas para a inflação, apesar do recuo gradual, ainda permanecem acima da meta, com a taxa Selic sendo ajustada gradualmente para níveis mais baixos ao longo do ano. Esses indicadores refletem um momento de transição, no qual a política monetária e fiscal terá papel crucial para estabilizar a economia e estimular setores estratégicos. A XP destaca ainda o potencial de recuperação em áreas ligadas à exportação e ao agronegócio, enquanto setores voltados ao consumo interno podem enfrentar maior pressão. 

O CDI, considerado o “algoz” da diversificação em 2024, continua sendo um tema relevante para 2025. No último ano, a forte performance do CDI em um contexto de juros elevados superou muitas outras classes de ativos, reforçando o desafio de buscar alternativas para diversificação que apresentem retorno competitivo. Esse fenômeno evidenciou a dificuldade dos investidores em construir portfólios balanceados em um cenário de alta rentabilidade em renda fixa. Com a expectativa de flexibilização monetária no segundo semestre 2025, o CDI deve perder parte do brilho, abrindo espaço para um maior interesse em ativos mais arriscados, mas que podem oferecer um melhor equilíbrio risco-retorno no longo prazo.  

No setor empresarial, empresas dependentes do mercado interno devem sentir o impacto da combinação de juros altos e restrições fiscais. A bolsa brasileira enfrenta desafios, com uma combinação de revisões de lucros para baixo e menor liquidez, especialmente em setores mais expostos ao ciclo doméstico, como varejo e construção civil. Áreas ligadas à exportação, por outro lado, podem apresentar resiliência devido à manutenção de preços competitivos de commodities no mercado global. 

Cenário Internacional

No âmbito internacional, 2025 se desenha como um ano de desafios e transformações estruturais. Nos Estados Unidos, a administração Trump tem adotado políticas protecionistas que incluem aumento de tarifas comerciais e desregulamentação, buscando reposicionar a economia americana como líder em competitividade global.  

Essas medidas, embora promissoras para setores específicos, como manufatura e tecnologia, têm gerado preocupações em relação à inflação estrutural e à possibilidade de recessão. A taxa de juros nos Estados Unidos deve se manter em patamares relativamente altos, garantindo a atratividade do dólar como porto seguro, mas também dificultando condições de crédito para setores mais vulneráveis.

Dentro do mercado acionário, a performance das “Magnificent 7” (Apple, Google, Microsoft, META, Tesla, Nvidia e Amazon) em relação ao restante do S&P 500 tem chamado atenção. Entre 2023 e 2024, enquanto as “Mag 7” obtiveram uma valorização expressiva, impulsionadas pela expansão da inteligência artificial e de tecnologias de ponta, o restante do índice teve ganhos muito mais modestos. Esse descolamento reflete uma concentração de retornos em poucos setores, destacando riscos e oportunidades para investidores em 2025, que devem considerar cuidadosamente a diversificação dentro do mercado americano.

Na China, a desvalorização do yuan tem se consolidado como uma estratégia para neutralizar as tarifas impostas pelos Estados Unidos. Essa política de desvalorização cambial busca estimular a competitividade dos produtos chineses no mercado global, compensando os custos adicionais gerados pelas tarifas comerciais. 

Além disso, a China tem intensificado suas compras de ouro, reforçando suas reservas como uma estratégia para reduzir a dependência do dólar e fortalecer a estabilidade de sua economia em um ambiente internacional volátil. Esse movimento estratégico reflete um esforço contínuo do governo chinês para garantir maior resiliência frente a flutuações cambiais e geopolíticas. 

Como consequência, o yuan enfraquecido pode consolidar ainda mais a posição do dólar americano como moeda de referência global, ao mesmo tempo em que intensifica as tensões entre as duas maiores economias do mundo. Essa dinâmica também aumenta os desafios para países emergentes, que enfrentam pressões cambiais e financeiras diante de um cenário de dólar fortalecido.

Na Europa, a política monetária do Banco Central Europeu continua expansionista, buscando apoiar economias fragilizadas por crises internas e externas. A região enfrenta desafios significativos, incluindo o alto endividamento de alguns países membros e a transição energética para fontes mais sustentáveis. Já a China, embora continue crescendo, demonstra sinais de desaceleração devido ao enfraquecimento do setor imobiliário e à necessidade de reestruturar sua economia para um modelo mais baseado no consumo interno.

No campo das commodities, a estabilização dos preços reflete um equilíbrio entre a oferta moderada e a demanda global em desaceleração. O petróleo, em particular, deve oscilar em função das tensões geopolíticas envolvendo grandes produtores, como o Irã e a Arábia Saudita. Por outro lado, o ouro continua sendo visto como um ativo de proteção em meio às incertezas globais, com demanda crescente por parte de bancos centrais e investidores privados. 

Em resumo, 2025 promete ser um ano de adaptações tanto no cenário nacional quanto internacional. Empresas e investidores que conseguirem alinhar estratégias a essas dinâmicas estarão melhor posicionados para capturar oportunidades e mitigar riscos, reforçando a importância de uma alocação diversificada e planejamento financeiro robusto.

Principais Estratégias

1. Diversificação de Portfólios

A diversificação permanece no centro das estratégias de investimento. Em um ano de incertezas, alocar recursos em diferentes classes de ativos é fundamental para mitigar riscos e aproveitar oportunidades. No Brasil, a renda fixa continua atrativa, mas investidores devem considerar ativos de renda variável e investimentos internacionais para maior equilíbrio.

2. Foco em Exportação e Commodities

Setores ligados à exportação tendem a se beneficiar da demanda externa e da competitividade cambial. Empresas exportadoras no Brasil e commodities como petróleo, soja e ouro devem ter desempenho resiliente, com destaque para o papel da China como compradora relevante no mercado global.

3. Renda Fixa: Pré-fixados, Pós-fixados e Inflação

No mercado de renda fixa, a escolha entre ativos pré-fixados, pós-fixados e indexados à inflação será estratégica. Os títulos pré-fixados podem oferecer retornos interessantes para quem acredita em cortes na taxa Selic ao longo de 2025, enquanto os pós-fixados permanecem atrativos para proteger contra incertezas. Já os títulos indexados à inflação são recomendados como hedge em cenários de preços persistentemente elevados, equilibrando segurança e retorno.

4. Acompanhamento das Políticas Monetárias

Com os bancos centrais ajustando suas políticas, tanto no Brasil quanto no exterior, é crucial monitorar movimentos na taxa de juros. No Brasil, o potencial de cortes na Selic pode abrir espaço para maior risco em portfólios, enquanto nos EUA, a manutenção de taxas elevadas reforça a atratividade do dólar.

5. Proteção Cambial e Reservas

Investidores devem estar atentos às flutuações cambiais. A desvalorização do yuan e a consolidação do dólar como moeda de referência global sugerem a necessidade de proteção cambial em portfólios diversificados, especialmente em mercados emergentes.

6. Tecnologias e Setores de Crescimento

Nos Estados Unidos, as “Magnificent 7” seguem liderando a inovação em setores como inteligência artificial e tecnologia de dados. Investir nesses segmentos pode oferecer retorno acima da média, desde que acompanhado de uma boa gestão de riscos.

7. Consolidação de Ouro como Ativo de Proteção

Com a China aumentando suas reservas de ouro e as incertezas globais, o metal precioso continua sendo uma opção sólida para diversificação e segurança patrimonial.

8. Monitoramento Geopolítico e Impactos no Petróleo

Tensões no Oriente Médio e outros fatores geopolíticos podem impactar significativamente os preços de commodities energéticas. Alocações nesse setor devem considerar o potencial de oscilações abruptas.

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