Carta Mensal aos Clientes - janeiro 2025

“A dificuldade não está em desenvolver novas ideias, mas em escapar das antigas.”

John Maynard Keynes

Cenário Local

O mês de janeiro, tradicionalmente marcado pelo recesso político, trouxe uma pausa importante para a economia brasileira, que seguiu seu curso sem os impactos das disputas internas que frequentemente paralisam o país. Essa calmaria revelou a necessidade de um ambiente político mais harmônico, que permita ao Brasil avançar sem as distrações das brigas partidárias. Contudo, essa tranquilidade não deve mascarar os desafios que exigem ações coordenadas e urgentes. 

Para que o Brasil continue no caminho do crescimento, é essencial que a política se distancie das polarizações e busque um alinhamento em torno dos interesses nacionais. O país não pode ser refém de divisões internas o foco precisa ser nas reformas estruturais que garantam a sustentabilidade fiscal e o crescimento econômico. Agora é o momento de unir forças e tomar decisões responsáveis que proporcionem um futuro próspero para todos os brasileiros. 

Diante de um cenário repleto de desafios e incertezas políticas e fiscais, o Brasil se vê à beira de um impasse crítico que exige não apenas reflexões profundas, mas também ações imediatas e coordenadas para evitar que a economia do país siga uma trajetória de instabilidade prolongada. No cerne desse desafio está a ausência de uma política fiscal robusta, que permita não apenas a redução da dívida pública, mas também o restabelecimento da confiança dos investidores no país. A fragilidade fiscal, aliada a uma política monetária expansionista em um contexto de gastos elevados, cria um cenário que favorece a inflação e o aumento do déficit público, pressionando negativamente o mercado e, consequentemente, o poder de compra da população. 

A necessidade de uma coordenação precisa e eficaz entre as políticas fiscal e monetária não é uma mera recomendação, mas uma exigência urgente para que o Brasil possa retomar o crescimento sustentável e reconquistar a confiança dos agentes econômicos. A política fiscal, longe de ser um elemento secundário, precisa ser vista como o pilar central para a estabilização da economia. 

O contínuo aumento dos gastos públicos, sem o devido controle e sem uma estratégia de longo prazo para redução da dívida, coloca o país em uma posição de vulnerabilidade crescente. Nesse contexto, a política monetária, ao tentar conter os efeitos da inflação e o descontrole fiscal, se vê forçada a adotar medidas restritivas, como a manutenção de juros elevados. Esse ciclo vicioso cria uma espiral de incertezas que limita as possibilidades de crescimento econômico e exacerba as dificuldades já enfrentadas pela população. 

Uma medida recente que pode agravar esse cenário é a isenção de R$ 5.000,00 no Imposto de Renda, proposta como uma tentativa de alívio para a classe média. Embora bem-intencionada, essa medida resulta em uma perda significativa na arrecadação do governo, o que pode agravar ainda mais as pressões fiscais já existentes. Em um momento em que o país carece de reformas fiscais urgentes, a diminuição na arrecadação pode colocar em risco a estabilidade das contas públicas, levando a um aumento do déficit fiscal. O impacto disso no mercado será inevitável, pois, à medida que o risco fiscal se eleva, o prêmio de risco no mercado tende a crescer, dificultando o acesso ao crédito e aumentando o custo de financiamento para o setor público e privado. 

Além disso, sob o ponto de vista monetário, essa redução na arrecadação pode forçar o Banco Central a adotar políticas monetárias ainda mais restritivas, perpetuando a elevação das taxas de juros. A combinação de um alto prêmio de risco e juros elevados cria um cenário de baixo crescimento econômico e altos custos para a população, especialmente para as camadas mais vulneráveis da sociedade. Nesse contexto, a flexibilidade fiscal do governo se torna cada vez mais limitada, e a capacidade do Banco Central de equilibrar o crescimento econômico com a estabilidade financeira se estreita. 

Em meio a essa complexidade, os discursos de figuras políticas, como Hugo Mota e Davi Alcolumbre, merecem uma análise cuidadosa. Hugo Mota, ao assumir a presidência da Câmara dos Deputados, enfatiza a importância da unidade e da construção de consensos entre os poderes, destacando que o objetivo final das ações políticas deve ser a melhoria das condições de vida da população brasileira. 

Sua ênfase na democracia e na harmonia entre os poderes reflete uma visão de um Brasil mais unido e focado em resultados concretos, como emprego, segurança, educação e saúde pública de qualidade. No entanto, é necessário destacar que a conjuntura fiscal do país impõe limitações severas a esse discurso de otimismo. A falta de uma política fiscal clara e responsável pode resultar em um crescimento desacelerado e em um aumento da dívida pública, o que, inevitavelmente, comprometerá a capacidade do governo de implementar políticas eficazes. 

Davi Alcolumbre, por sua vez, ao reafirmar seu compromisso com a democracia e com a busca pelo bem-estar do povo brasileiro, também coloca a responsabilidade de sua presidência como algo coletivo, buscando não o protagonismo, mas a construção de consensos que atendam aos anseios da população. No entanto, a promessa de trabalhar pela geração de empregos e pelo desenvolvimento social, em um contexto de incertezas fiscais e monetárias, depende de uma ação concreta e eficaz em relação às finanças públicas. A confiança política e o compromisso com o crescimento social são essenciais, mas eles precisam ser acompanhados de reformas estruturais que possam, de fato, aliviar a pressão fiscal e trazer estabilidade à economia. Em um ambiente de juros elevados e de incertezas fiscais, é impossível garantir o crescimento sem que a política fiscal do país seja reequilibrada e ajustada. 

A situação é ainda mais desafiadora diante da crescente complexidade econômica do Brasil. Embora o país busque se modernizar e diversificar suas estratégias, os desafios fiscais e monetários persistem como fatores limitantes. A implementação de reformas fiscais e a busca por estabilidade monetária são essenciais para garantir um cenário mais favorável para o crescimento e para atrair investidores internacionais. A confiança no Brasil só poderá ser restaurada quando o país assumir, de forma clara e responsável, o compromisso com a gestão das suas contas públicas, uma vez que a atratividade do mercado brasileiro está intrinsicamente ligada à saúde fiscal do governo. 

Portanto, embora o discurso de Mota e Alcolumbre seja marcado por uma visão otimista e de unidade política, é essencial que esse otimismo seja temperado pela realidade fiscal e monetária do país. Para que o Brasil alcance os avanços desejados, será necessário um compromisso não apenas com a democracia, mas também com as reformas fiscais e com uma política monetária responsável.  

A implementação de ajustes fiscais que reduzam o déficit público e estabilizem a dívida é imprescindível para criar um ambiente de confiança que permita o crescimento econômico sustentável. As promessas de uma melhor qualidade de vida para os brasileiros, uma saúde pública de qualidade, uma educação mais forte e um Brasil mais seguro não serão possíveis sem ações concretas que equilibrem as pressões fiscais, monetárias e sociais, e que contemplem os desafios econômicos do país com uma visão de longo prazo. 

Somente com um compromisso firme e consistente com a responsabilidade fiscal, acompanhado de uma coordenação eficaz entre as políticas fiscal e monetária, será possível criar um ambiente estável para o crescimento sustentável do Brasil. As dificuldades e incertezas que o país enfrenta exigem um esforço coletivo para superar a fragilidade fiscal e monetária e garantir que as promessas de desenvolvimento e prosperidade sejam cumpridas, sem comprometer as futuras gerações. 

Cenário Internacional

A política econômica de Donald Trump foi marcada por uma abordagem de “morde e assopra”, na qual os Estados Unidos impuseram altas tarifas sobre produtos estrangeiros, como uma maneira de proteger a indústria nacional, enquanto buscavam concessões e negociações para acordos comerciais mais favoráveis. Exemplos disso incluem a guerra comercial com o México, Canadá e China. O México e o Canadá, por exemplo, enfrentaram pesadas tarifas sobre aço e alumínio, resultando em intensas negociações que levaram à criação do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), substituindo o NAFTA. Já a China, maior alvo das tarifas, foi forçada a negociar acordos como a Fase 1, mas ainda não resolveu as tensões comerciais estruturais entre os dois países. 

A Colômbia, por sua vez, exemplificou a estratégia de “morde e assopra” de Trump, mas também recebendo concessões que mantiveram os fluxos comerciais entre os dois países. Apesar de impulsionar negociações em busca de vantagens econômicas para os EUA, essa abordagem gerou instabilidade e volatilidade, afetando tanto os mercados financeiros como a confiança dos investidores. Embora a estratégia tenha buscado resultados rápidos, os impactos das tarifas não resolveram as questões econômicas de fundo e deixaram um legado de negociações comerciais mais complexas, com países buscando equilibrar suas respostas para não prejudicar suas economias. 

No âmbito inflacionário, as tarifas elevam os custos de produção e importação, o que, ao ser repassado para o consumidor, pode impulsionar a inflação, especialmente em setores dependentes de produtos estrangeiros. A incerteza econômica gerada por essas tarifas também pode impactar a confiança dos investidores, afetando a estabilidade financeira. Na imigração, as dificuldades econômicas decorrentes dessas políticas podem aumentar o fluxo de imigrantes em busca de melhores oportunidades, criando desafios adicionais em um cenário de controle mais rigoroso sobre a entrada de estrangeiros. Abaixo segue os componentes da inflação norte americana: 

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Fonte: Bloomberg, XP Investimentos

Por outro lado, o dólar americano segue sua trajetória de alta, em meio a um cenário global de incertezas políticas e econômicas. O movimento de correção do câmbio segue em andamento, mas não há sinais claros de reversão positiva. O suporte para o dólar está entre 5,80 e 5,70, e essa linha de tendência é crucial para entender se o real pode se fortalecer frente ao dólar. Por enquanto, a tendência é positiva para o dólar, com uma correção de curto prazo. O dólar index continua sua tendência de alta, refletindo uma posição favorável para os Estados Unidos em relação a seus principais parceiros econômicos. 

A análise do dólar deve ser vista em conjunto com a dinâmica das taxas de juros. A renda fixa norte-americana continua sendo altamente atrativa, devido ao diferencial de juros, enquanto a Europa ainda tem mais espaço para reduzir seus juros. Isso mantém o fluxo de capital em direção aos Estados Unidos, o que fortalece a moeda americana. A recente movimentação no setor de tecnologia, com o foco em inteligência artificial (IA) e SaaS (Software as a Service), também pode alterar a dinâmica do mercado e impactar os fluxos setoriais, mas por enquanto a tendência é de alta no dólar index, sem grandes mudanças previstas nesse cenário. 

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A desaceleração observada no setor de serviços da China em janeiro, com um desempenho abaixo das expectativas, reflete um quadro econômico de fragilidade que se alinha com as projeções de crescimento global. O índice de atividade dos serviços caiu para o nível mais baixo desde setembro, o que sugere uma desaceleração econômica mais ampla que afeta tanto a produção quanto a demanda interna.  

O crescimento dos novos negócios diminuiu, e o emprego caiu para a maior queda desde abril. Embora os preços de venda tenham aumentado pelo segundo mês consecutivo, a aceleração nos preços dos insumos, como matérias-primas e mão de obra, sugere que a pressão sobre os custos pode ser um fator limitante para a recuperação econômica. 

Esse panorama reflete uma falta de confiança no mercado, com a competitividade interna da China se tornando cada vez mais um desafio, enquanto as incertezas sobre as relações comerciais externas, principalmente com os Estados Unidos, pesam sobre o sentimento geral. O cenário global, com tensões comerciais e políticas, contribui para o enfraquecimento da economia chinesa, elevando os riscos em um momento de baixa demanda e altos custos. O sentimento entre os empresários permanece abaixo da média histórica, o que coloca em dúvida a capacidade da China de manter seu crescimento sem recorrer a novos estímulos fiscais ou monetários. 

Esse contexto de desaceleração na China impacta diretamente as expectativas globais e, em particular, o comportamento dos fluxos de capital. A fraqueza da economia chinesa, que reflete um cenário de demanda interna em queda, fortalece nossa visão de cautela para 2025 e, consequentemente, nos leva a recomendar maior cautela com ações expostas ao país. Esse comportamento de incerteza e fraqueza nos indicadores chave reforça a necessidade de vigilância sobre a saúde econômica chinesa, com impacto direto nas commodities e nas cadeias de fornecimento globais. 

Principais Estratégias

1. Diversificação de Portfólios

A diversificação permanece no centro das estratégias de investimento. Em um ano de incertezas, alocar recursos em diferentes classes de ativos é fundamental para mitigar riscos e aproveitar oportunidades. No Brasil, a renda fixa continua atrativa, mas investidores devem considerar ativos de renda variável e investimentos internacionais para maior equilíbrio.

2. Foco em Exportação e Commodities

Setores ligados à exportação tendem a se beneficiar da demanda externa e da competitividade cambial. Empresas exportadoras no Brasil e commodities como petróleo, soja e ouro devem ter desempenho resiliente, com destaque para o papel da China como compradora relevante no mercado global.

3. Renda Fixa: Pré-fixados, Pós-fixados e Inflação

No mercado de renda fixa, a escolha entre ativos pré-fixados, pós-fixados e indexados à inflação será estratégica. Os títulos pré-fixados podem oferecer retornos interessantes para quem acredita em cortes na taxa Selic ao longo de 2025, enquanto os pós-fixados permanecem atrativos para proteger contra incertezas. Já os títulos indexados à inflação são recomendados como hedge em cenários de preços persistentemente elevados, equilibrando segurança e retorno.

4. Acompanhamento das Políticas Monetárias

Com os bancos centrais ajustando suas políticas, tanto no Brasil quanto no exterior, é crucial monitorar movimentos na taxa de juros. No Brasil, o potencial de cortes na Selic pode abrir espaço para maior risco em portfólios, enquanto nos EUA, a manutenção de taxas elevadas reforça a atratividade do dólar.

5. Proteção Cambial e Reservas

Investidores devem estar atentos às flutuações cambiais. A desvalorização do yuan e a consolidação do dólar como moeda de referência global sugerem a necessidade de proteção cambial em portfólios diversificados, especialmente em mercados emergentes.

6. Tecnologias e Setores de Crescimento

Nos Estados Unidos, as “Magnificent 7” seguem liderando a inovação em setores como inteligência artificial e tecnologia de dados. Investir nesses segmentos pode oferecer retorno acima da média, desde que acompanhado de uma boa gestão de riscos.

7. Consolidação de Ouro como Ativo de Proteção

Com a China aumentando suas reservas de ouro e as incertezas globais, o metal precioso continua sendo uma opção sólida para diversificação e segurança patrimonial.

8. Monitoramento Geopolítico e Impactos no Petróleo

Tensões no Oriente Médio e outros fatores geopolíticos podem impactar significativamente os preços de commodities energéticas. Alocações nesse setor devem considerar o potencial de oscilações abruptas.

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